sexta-feira, 5 de agosto de 2022

China anuncia sanções contra Nancy Pelosi e seus familiares em represália por sua visita a Taiwan

Nesta sexta-feira, dia 5 de agosto, o MRE chinês Wang Yi anunciou a aplicação de  sanções econômicas à presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, e seus familiares imediatos após sua visita a Taiwan.

Gage Skidmore/www.flickr.com/photos/gageskidmore/47999034866

O Governo chinês havia expressado ao governo norte-americano que essa visita era vista como uma provocação, que ameaçava a sua integridade territorial e afrontava a sua segurança nacional. Xi Jinping alertou ao presidente Biden que não toleraria a provocação que representava tal visita, chegando mesmo a dizer que o governo norte-americano brincava com fogo, e que poderia sair queimado dessa aventura. Essas sanções mostram que o governo chinês não estava blefando. 

Essa reação chinesa é parte de uma série de medidas implementadas pelo governo em retaliação à violação do governo norte-americano de acordos bilaterais, assinados entre os dois países, que reconhecem a soberania chinesa sobre Taiwan e o princípio de uma única China. Entre as ações, estão iniciativas diplomáticas, como a chamada do Embaixador americano para prestar explicações ao governo chinês, e os massivos exercícios militares, com munições reais, em volta da ilha de Taiwan.

A prontidão e amplitude da resposta do governo chinês à provocação de Pelosi mostra que a China está disposta a escalar suas investidas econômicas e militares contra Taiwan e mesmo os EUA. E, com isso, dar uma resposta contundente às tentativas dos EUA de desestabilização da ordem internacional - podendo, inclusive acelerar o processo de reintegração de Taiwan ao controle direto do governo Chinês.

Não há dúvidas de que vivemos um momento de grande tensão na política internacional, impulsionado pelos frequentes e crescentes choques diretos entre grandes potências. Esse cenário confirma a acelerada desestabilização da ordem internacional estabelecida após o fim da Guerra Fria, que havia sido ancorada na hegemonia dos EUA e expansão global do modelo liberal/capitalista. Parece que no cerne desse problema está a incapacidade dos EUA conseguir aceitar a ascensão de novas potências e modelos econômicos e viver num mundo realmente multipolar. Ou seja, preferem o caos global a terem que compartilhar tal hegemonia. 

sábado, 26 de fevereiro de 2022

A retórica de Zelensky e a realidade da balança de poder

Em tese, a Ucrânia seria soberana para escolher livremente seus aliados; inclusive, fazer parte da OTAN. Contudo, tb teria que ser capaz de encarar as consequências dessa escolha. 


Por outro lado, Biden continua a declarar que os E.U.A não farão qualquer intervenção militar na Ucrânia; apenas sanções econômicas limitadas. Ou seja, um claro sinal de fraqueza e do declínio da hegemonia global dos E.U.A. 

A realpolitik volta a ditar as regras da política internacional. Na política real, o que vale de fato é o equilíbrio de poder entre as grandes potências e não uma moralismo enviesado e uma retórica unilateral.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

O 11 de setembro latino-americano: a derrubada de Salvador Allende em 1973.

Em 11 de setembro de 1973, a extrema direita chilena derrubava o governo socialista de Salvador Allende, eleito democraticamente pelo povo chileno, por meio de um golpe militar sangrento e infame. 

O 9/11 sul-americano inaugurou uma das ditaduras mais brutais do continente, que, além das inúmeras violações de direitos humanos, também serviu de laboratório global para a implementação do receituário da ideologia econômica conhecida como "neoliberalismo". Para tanto, o ditador Pinochet abriu o Chile para atuação de economistas que seguiam os ensinamentos de Milton Friedman e o modelo econômico pregado pela chamada "Escola de Chicago" - o que lhes valeu o apelido de "Chicago Boys". A partir do Chile, o neoliberalismo foi replicado não apenas na América Latina, mas em todo o planeta. 

O Chile demonstrou que as políticas de austeridade e violenta redução do Estado de bem estar social, em prol de uma economia de mercado, e em detrimento das condições sociais das camadas menos privilegiadas da sociedade,  só poderiam ser impostas a uma nação em desenvolvimento tardio por meio de um golpe militar da extrema-direita e um governo neofascista. O que mostra o quanto o neoliberalismo e o neofascismo são faces, interconectadas, de uma mesma moeda.

Abaixo, imagens do bombardeio do Palácio de La Moneda, em 11/09/1973, que matou o presidente Salvador Allende e acabou o seu governo. 



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