segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

"Pôsteres da Primeira Guerra Mundial: a paixão, propaganda e a marca”

Por Gabriela Bittencourt

Durante a Primeira Guerra Mundial, quando ambos os lados começaram a se ver sem recursos para seguir com as batalhas, um instrumento passou a ser uma arma importante contra o inimigo: os pôsteres. Contudo, a comunicação por meio dos cartazes, que já vinham sendo usados desde o início da guerra, passou a ser direta. Essa foi a primeira vez que os governos produziram propaganda em escala industrial para envolver a opinião pública.

Na pequena cidade de Aberystwyth, capital cultural do País de Gales, a exposição em cartaz no Ceredigion Museum narra essa história. Com o nome “Posters of the First World War: the passion, propaganda and print”, passa pelos diversos momentos da propaganda do governo britânico, por meio de pôsteres, durante a Primeira Guerra.

A Grã Bretanha é considerada um dos mais bem sucedidos propagandistas durante a guerra. O governo britânico contratou proprietários de jornais, editores, escritores, poetas e, certas vezes, cinegrafistas para espalhar verdades convenientes e até mesmo mentiras. Nesse contexto, contava com inclinações patrióticas, mitos literários, símbolos, linguagens e psicologia, por exemplo, para criar os pôsteres.

As mensagens buscavam justificar as ações do governo, mostrando o inimigo como um terrível criminoso, e inflamar a devoção popular, estimulando os homens a se alistarem e as mulheres a darem a sua contribuição em casa. Para tanto, vitórias eram exageradas e derrotas, escondidas ou minimizadas.

“Seu país precisa de você”
Quando os voluntários para a luta começaram a reduzir, os pôsteres passaram a ter um tom ameaçador. A pressão não era voltada apenas para os potenciais novos recrutas, como também requeria o sacrifício de suas famílias.
   





“The Home Front”
Durante a Primeira Guerra, o governo britânico criou o conceito “Home Front”. Uma das principais preocupações era evitar a falta de alimentos e suprimentos básicos.





“O custo do conflito”
Em 1914, o governo precisou encontrar novos caminhos para manter sua enorme máquina de guerra, ao perceber que a luta não terminaria antes do Natal. Nesse momento, os pôsteres passaram a inspirar os cidadãos a investirem sua renda nos recursos para a guerra.

A população era encorajada a ir aos bancos comprar títulos de guerra. Em troca do dinheiro que entregavam ao governo, recebiam a promessa de um retorno nacional e de um sentimento de orgulho.
  




“Propaganda”
Ao invadir a Bélgica e a França, a Alemanha perdeu a superioridade moral que buscava assegurar por meio de sua própria propaganda. O governo britânico tirou proveito desse cenário. A campanha passou a difundir grandes erros alemães e histórias atrozes daquele país para condenar moralmente o inimigo. A sociedade alemã era apresentada como baseada em valores militaristas e seus soldados como sendo cruéis, incluindo contra mulheres e bebês. Assim, o governo britânico também reforçava a necessidade de os homens irem à guerra.


 






Essa estratégia do uso de pôsteres solidificou a propaganda como parte importante de qualquer esforço de guerra. Mas sua influência não se deu apenas nesse âmbito. A experiência com os cartazes durante a Primeira Guerra Mundial redefiniu o sentido e o escopo da propaganda. Afinal, criou a base necessária para o desenvolvimento dos anúncios da sociedade de massa do século XX.

*Gabriela Bittencourt é jornalista com especialização em Gestão Estratégica da Comunicação. Atua em gestão de projetos de Comunicação e Marketing Digital.

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